A Unidade de Ensino e Aprendizagem (UEA) de Suinocultura do Campus Araquari comemora o início do funcionamento de sua nova sala de maternidade, composta por gaiolas individuais de abertura total (ou gaiolas de bem-estar animal, como são comumente conhecidas). Essa instalação é pioneira no Brasil e América Latina.
A maternidade é uma sala que recebe matrizes suínas prenhas (ou gestantes) em torno de cinco dias antes do parto. Nas instalações convencionais, a fêmea fica presa em uma gaiola individual com dimensões de 2,16 x 0,60 metros, ou seja, 1,26 m², permanecendo ali alojada com seus leitões durante 21 a 28 dias, aproximadamente, após o parto. Nestas condições, ela consegue se movimentar somente para frente e para trás, o que restringe os comportamentos naturais mais motivadores para sua espécie.
As instalações de maternidade que visam o bem-estar animal, por sua vez, possuem uma estrutura diferenciada, que faz com que a gaiola individual, de mesma dimensão, possa ser aberta, possibilitando com que a fêmea tenha liberdade de movimento em 360 graus, permanecendo em um espaço físico maior de 4,8m². Por este motivo é que elas são chamadas de gaiolas de bem-estar animal, uma vez que são mantidas abertas antes do parto, a fim de que a fêmea possa fazer o ninho, e reabertas a partir do 4º dia após o parto, permitindo a exploração do espaço e as interações sociais entre as fêmeas e suas leitegadas.
Apesar destas vantagens, nestes sistemas alternativos as taxas de mortalidade de leitões por esmagamento são normalmente maiores que os tradicionais, o que abre um campo vasto de pesquisas para buscar a melhor estrutura que possa amenizar ou reduzir este índice, bem como elucidar, em detalhes, o comportamento da matriz antes e após o parto. Assim, o grande desafio das instalações de maternidade inovadoras é justamente encontrar um equilíbrio entre o bem-estar dos leitões, das matrizes, assim como o dos manejadores, uma vez que a estrutura deve permitir o acesso dos mesmos, em segurança, para a assistência ao parto.
Pensando nisso a empresa STA (Soluções Tecnológicas para o Agronegócio), especializada em tecnologia de ponta e projetos personalizados para o desenvolvimento da Suinocultura brasileira, investiu em um modelo de gaiola de bem-estar animal, escolhendo a UEA Suinocultura do IFC-Araquari para a instalação de suas primeiras unidades, modelo este inédito no Brasil e América Latina.
A nova sala de maternidade terá a capacidade de alojar quatro fêmeas nas gaiolas de bem-estar animal da STA, cujas funcionalidades serão estudadas e comparadas com as gaiolas tradicionais instaladas no setor, da mesma empresa. Índices zootécnicos (ou de produtividade), além de comportamentais, entre outros, serão avaliados pela equipe responsável pelo setor, composta por professores, técnicos e estudantes, com o auxílio de câmeras de monitoramento, em tempo real, também fornecidas pela empresa, para melhor compreensão e registro das informações.
A presença de uma sala de maternidade alternativa e uma convencional na UEA Suinocultura torna-se uma proposta pedagógica bastante atrativa, pois permite inúmeras possibilidades de aprendizado e investigação, integrando diversas áreas do conhecimento. Reafirma nosso compromisso institucional com o ensino de qualidade para nossos alunos, nossas pesquisas e parcerias com as empresas do setor suinícola, extensos à comunidade, por meio da divulgação de informações e oferta de leitões de altíssima qualidade genética, manejados em sistemas promotores do bem-estar animal.
Importante destacar que a sala de maternidade foi construída pela equipe de funcionários do setor e que os recursos financeiros necessários para a obra e aquisição da maior parte das gaiolas foram fornecidos pela Coopercascgo, Cooperativa dos alunos do Colégio Agrícola Senadora Carlos Gomes de Oliveira, sendo gerados a partir da venda de animais da própria UEA Suinocultura, entre outras fontes advindas da escola fazenda.
A equipe responsável pela UEA Suinocultura agradece a STA, parceira de longa data, em especial, ao Gabriel Borges de Castro, diretor da empresa; à diretoria da Coopercascgo; ao Prof. Maurício Lehmann, Coordenador de Cooperativismo e ao Eng. Agrônomo Daniel Kramer Schwiderke, Coordenador da Escola Fazenda, além de todos os estudantes que nos auxiliam nas atividades de manejo no setor.
Texto e imagens: Coord. UEA Suinocultura/Profa. Erica Perez Marson Bako