Duas professoras do Instituto Federal Catarinense (IFC) Campus Araquari participaram das gravações do curta-metragem “As Saboeiras”, contemplado pela Lei Paulo Gustavo em Araquari (SC). O filme tem direção e roteiro de Talita Dembinski e João França e aborda a produção sustentável de sabão no contexto comunitário.
As docentes Anelise Destefani e Grasiela Voss participaram do curta a partir de uma parceria iniciada com Talita, ex-aluna da Licenciatura em Química do IFC e bolsista do Programa Recicla. Foi Talita quem aproximou as professoras do diretor João França durante atividades realizadas na Associação dos Moradores do Bairro Itinga (Amorabi) durante a pandemia de Covid-19. Nessas ações, foram produzidas mais de 3 mil barras de sabão, trabalho que despertou o interesse dos diretores nas práticas das “saboeiras” da região.
Durante as gravações, além de produzir sabão, as professoras compartilharam suas experiências e perspectivas sobre o impacto social e ambiental do projeto. “Falamos sobre como nos inserimos na comunidade, como percebemos o desenvolvimento do sabão e suas características ecológicas e acadêmicas. Só depois fomos para a prática”, relata a professora Anelise.
Projetos como o de produção de sabão junto à comunidade revelam a importância da extensão universitária, permitindo ao IFC alcançar locais com pouco ou nenhum acesso à instituição. A professora Anelise destacou que a produção de sabão é uma solução sustentável e de baixo custo, essencial para o descarte correto de óleos residuais. “Esses óleos, muitas vezes, são descartados de forma inadequada, causando danos ao meio ambiente e à saúde humana. Nosso trabalho busca mudar essa realidade”, complementa..
O filme será exibido no IFC Araquari em uma data futura, levando a temática a mais pessoas. Para Anelise, o formato audiovisual é uma ferramenta muito interessante: “É uma forma diferenciada de abordar o assunto, alcançando um público maior de maneira lúdica e envolvente, indo além das salas de aula e projetos acadêmicos.”
Veja a descrição completa do curta-metragem
O curta-metragem tem como objetivo estabelecer uma relação do conhecimento empírico e científico do processo de transformação de um poluente (óleo de cozinha sujo) em uma matéria refinada e sustentável (sabão). Para tal abordaremos mulheres que tem como prática a feitura do sabão, conhecimento popular adquirido pela oralidade geracional.
Sabão a arte de utilizar a própria gordura, devidamente acondicionada e combinada com outros elementos, para eliminar gorduras é um conhecimento que costumava ser transmitido por meio da cultura oral. Conforme a região, o clima e os hábitos da comunidade, desenvolviam-se receitas cujos segredos dominavam os antigos, tais práticas foram substituidas por processos industriais e absorvidas pela lógica mercadológica (capitalismo), de modo que as pessoas deixaram de produzir o próprio sabão para comprá-lo pronto. O óleo de cozinha usado tornou-se um rejeito e adotou-se o detergente industrial, tanto um quanto o outro quando dispensados, contaminam o solo e mananciais de água.
Produzir o próprio sabão é um meio de colocar em prática as micro utopias, reecuperando o sentido do “fazer com”. Basicamente a saponificação consiste em uma reação química na qual o éster (óleo) ao reagir com uma base inorgânica (ou sal básico) transforma-se em um sal orgânico e um álcool (sabão e glicerol).